2007-02-06

Os outros países

Em qualquer discussão sempre tive a tendência para desconsiderar os argumentos que se baseavam na forma como "as coisas se fazem lá fora". Mas como tem sido recorrente acusar Portugal de estar "atrasado" em relação aos demais países da UE, não posso deixar de alinhavar algumas razões que me levam, também aqui, a desconsiderar esta tese. Portugal e os Portugueses, para mim, têm algo de diferente em relação aos outros países e aos seus cidadãos. Para o bem e para o mal. Ensina-nos a história que sempre tivemos uma atitude mais humana em relação ao mundo que os nossos parceiros europeus. Por exemplo, a nossa presença em Àfrica, na Àsia, na Oceânia ou na América sempre evidenciou uma perspectiva mais tolerante em relação aos povos ocupados que os outros colonizadores europeus. Haveria, muitos mais exemplos, mas há um que, penso, interessará sobremaneira a esta discussão: fomos o segundo país do mundo a abolir a pena de morte por crime civil. Sempre foi esta a nossa postura: o humanismo. Se seguíssemos a opinião dos outros países europeus, também à data mais "evoluídos" demoraríamos umas boas décadas mais para acabar com a pena de morte. Mas, também aí fomos pioneiros. Aliás, a tão propagada "evolução" começa a ser bem compreendida pelos países onde o aborto é livre: uns já baixaram os limites temporais para a IVG e em outros sente-se que a opinião pública começa, lentamente, a criticar essa liberdade. Como tem sido repetido, a liberalização do aborto é uma lei contra nós, contra o nosso tempo e principalmente contra o nosso futuro