2007-02-12

Porque o combate não termina hoje

Este é o post que não queria escrever. Não é fácil conviver com a derrota quando o que está em causa nos é tão importante. Apesar de anunciada, a profunda convicção pessoal de estar a defender o correcto enchia-me de esperança. Acreditava que era possível. Não foi. E por números avassaladores. Menos de 18% dos portugueses eleitores votaram Não.

No entanto, continuo a acreditar que estou certo. Continuo a acreditar que este é, indubitavelmente, o caminho. Por isso o combate não morre hoje. Esta foi, de há muito tempo para cá, a minha grande luta. Foi, é e continuará a ser. Por outra forma, por outros meios, mas sempre com a mesma força e empenho. Acredito, sinceramente, que o futuro, apesar de momentaneamente negro, nos reserva a cada vez maior aceitação da nossa perspectiva. Porque é mais humana, porque é mais justa, porque é, efectivamente, um gigantesco passo à frente da humanidade.

Nunca entendi muito bem os argumentos para legitimar o aborto. Sempre tive a sensação que se tratavam de aprimoradas construções mentais sem qualquer base sólida. Sempre tive a sensação que não diziam tudo o que pensavam. Sempre tive a sensação que havia agendas não reveladas que justificavam a opção da liberalização. E também aqui não é fácil. Não é fácil acreditar que se passa a permitir o extermínio, quase gratuito, de milhares de seres humanos a troco de um género angariar mais poder. Poder que, nas últimas décadas, não foi conseguido através do mérito, outrossim pelo mentiroso carpir de sobreavaliadas desditas. Aliás, este é um método que tem sido muito bem aceite na sociedade portuguesa. Consegue-se mais usando a lamúria do que através da demonstração de valor e de talento.

Perdoem-me a amargura. Mas não é fácil deixar de pensar naqueles que, efectivamente, foram os grandes derrotados do dia de ontem. E que vão pagar da forma mais severa que é possível encontrar. Por eles, por nós e pelo nosso futuro, deixo o meu compromisso de não desistir.

"Now this is not the end. It is not even the beginning of the end. but it is, perhaps, the end of the beginning." (Winston Churchill)