2007-02-03

De um partidário do sim

Das pessoas mais inesperadas obtêm-se algumas vezes os argumentos mais valiosos. Tal como gostei da intervenção de Fernando Santos no debate desta semana na RTP1, foi de uma personagem que pessoalmente nem me é assim tão simpática que obtive um dos melhores argumentos a favor do sim, principalmente pelo pragmatismo que encerra:
"É mais fácil dissuadir uma mulher de fazer um aborto se ela tiver liberdade de perguntar e de reflectir e de pedir ajuda, do que se ela chega a qualquer sítio já com uma cruz às costas" José Carlos Malato in Publico.
Concordo em absoluto. Só que, para mim, e como muito bem ali está dito o que a mulher precisa de ter é liberdade para perguntar, reflectir e pedir auxílio. Tal situação pode ser conseguida sem a liberalização completa da IVG até às 10 semanas. Aliás, se este debate tem produzido algo é a completa destruição do estigma da mulher que quer abortar. Se este debate algo criou será a possibilidade de a mulher poder dizer alto que está em situação desesperada e pensa abortar sem que, automaticamente, seja ostracizada. A aniquilação dos casos em que a mulher se sente só, sem esperança e sem alternativa que não seja a IVG, não passa pela sua liberalização, mas sim pela maior compreensão social do enorme peso que pode representar uma gravidez (neste caso, a indesejada).