2007-02-02

Comentário pontual (espero)

Fazendo uma concessão a um estilo de debate que não aprovo, permitam-me, espero que só esta vez, comentar algo que tem sido repetidamente dito pelo sim e que me causa alguma perplexidade. Dizem os defensores do sim que o uso de imagens de fetos é uma manipulação do eleitorado e revela falta de ética, entre outras coisas. Mas as fotografias que se apresentam foram alteradas ou não correspondem à verdade? Estão os defensores do não a mentir? Ou o problema residirá no facto de os partidários da leberalização da IVG não quererem ser atormentados com essa pequenita coisa que se chama realidade. Não estará a questão no facto de a verdade chocar as consciências e ser muito mais fácil fazer de conta que ela não existe. Não será por tal que os defensores da liberalização do aborto preferem não discutir o começo da vida (ou quando o fazem recorrem muito menos à ciência e muito mais a considerações de ordem abstracta e individual, vide Mário Sousa in Publico, hoje). Porque é este o cerne: se não ligarmos ao feto, se fizermos de conta que ele não existe, se gozarmos com esses lamechas que juram que o feto vive e é humano, então podemos defender a IVG à vontade. É meus caros amigos, se o feto não existisse, não era necessário o referendo: o aborto seria perfeitamente aceitável. Mas não é. E as fotografias estão lá para ajudar a compreender que o feto existe. Eu sei, a realidade, algumas vezes, é muito chata.